quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Grafeno com plasmônica pode aumentar velocidade da internet

Grafeno com plasmônica pode aumentar velocidade da internet
[Os plásmons induzem "ondas eletrônicas" na superfície das estruturas metálicas, que acabam se "derramando" sobre o grafeno, otimizando sua coleta de elétrons. [Imagem: Echtermeyer et al./Nature]

Uma colaboração entre as universidades de Manchester e Cambridge, no Reino Unido, incluindo Andre Geim e Konstantin Novoselov, ganhadores do prêmio Nobel por seus trabalhos com grafeno, acaba de mostrar que esse "material-maravilha" também pode tirar proveito da plasmônica para aumentar a velocidade das comunicações ópticas.

Combinando o grafeno com nanoestruturas metálicas, eles criaram um componente capaz de capturar 20 vezes mais luz do que o grafeno isoladamente.

Célula solar de grafeno

Colocando dois fios metálicos muito próximos um do outro em cima de grafeno, os pesquisadores já haviam demonstrado a possibilidade de gerar energia elétrica - ou seja, o grafeno funciona como uma célula solar bastante rudimentar.

Mas, mesmo sem rivalizar com as células solares de silício, a possibilidade de capturar luz e transformá-la em eletricidade é algo muito interessante para as comunicações ópticas, em que a informação deve viajar na forma de luz pelas fibras ópticas e, para ser processada, precisa ser convertida em pulsos elétricos.

O maior obstáculo para a aplicação prática para este dispositivo específico à base de grafeno é que, ao contrário dos outros fotodetectores já existentes, ele apresentou uma eficiência muito baixa.

O problema é que o grafeno absorve pouca luz, cerca de 3% da luz que incide sobre ele, com o resto passando direto, sem contribuir para o funcionamento do dispositivo.

Grafeno com plasmônica

Os pesquisadores agora elevaram essa eficiência combinando o grafeno com minúsculas estruturas metálicas, cuidadosamente organizadas em cima do grafeno.

O arranjo criou na verdade uma nanoestrutura plasmônica, que funciona com base em ondas superficiais de elétrons chamados plásmons de superfície.

Grafeno com plasmônica

Os pesquisadores agora elevaram essa eficiência combinando o grafeno com minúsculas estruturas metálicas, cuidadosamente organizadas em cima do grafeno.

O arranjo criou na verdade uma nanoestrutura plasmônica, que funciona com base em ondas superficiais de elétrons chamados plásmons de superfície.

Os plásmons induzem "ondas eletrônicas" na superfície das estruturas metálicas, que acabam se "derramando" sobre o grafeno, otimizando sua coleta de elétrons e, portanto, gerando uma maior intensidade de corrente elétrica.

Em relação à "célula solar de grafeno", o componente capta 20 vezes mais luz, sem perda de velocidade.

"O grafeno parece ser um companheiro natural para a plasmônica. Esperávamos que nanoestruturas plasmônicas pudessem melhorar a eficiência dos dispositivos baseados em grafeno, mas foi uma surpresa muito agradável que as melhorias sejam tão dramáticas," comentou o Dr. Alexander Grigorenko, coordenador da equipe.

Bibliografia:
Strong Plasmonic Enhancement of Photovoltage in Graphene
T.J. Echtermeyer, L. Britnell, P.K. Jasnos, A. Lombardo, R.V. Gorbachev, A.N. Grigorenko, A.K. Geim, A.C. Ferrari, K.S. Novoselov
Nature Communications
30 August 2011
Vol.: 2, Article number: 458
DOI: 10.1038/ncomms1464
http://arxiv.org/abs/1107.4176

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Futuro do Universo pode estar influenciando o presente

[Quando se pensa o Universo a partir das leis da mecânica quântica começam a fazer sentido algumas ideias aparentemente inconcebíveis.[Imagem: Anne Goodsell/Tommi Hakala]
Influências do futuro sobre o passado

Uma reformulação radical da mecânica quântica sugere que o Universo tem um destino definido, e que esse destino já traçado volta no tempo para influenciar o passado, ou o presente.

É uma afirmação alucinante, mas alguns cosmólogos já acreditam que uma reformulação radical da mecânica quântica, na qual o futuro pode afetar o passado, poderia resolver alguns dos maiores mistérios do universo, incluindo a forma como a vida surgiu.

E, além da origem da vida, poderia ainda explicar a fonte da energia escura e resolver outros enigmas cósmicos.

O que é mais impressionante é que os pesquisadores afirmam que recentes experimentos de laboratório confirmam de forma dramática os conceitos que servem de base para esta reformulação.


Ordem oculta na incerteza
[Conexão surpreendente entre fenômenos quânticos. [Imagem: Adaptado de Chanchicto/Wikimedia]

O cosmólogo Paul Davies, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, está iniciando um projeto para investigar que influência o futuro pode estar tendo no presente, com a ajuda do Instituto FQXi, uma entidade sem fins lucrativos cuja proposta é discutir as questões fundamentais da física e do Universo.

É um projeto que vem sendo acalentado há mais de 30 anos, desde que Davies ouviu falar pela primeira vez das tentativas do físico Yakir Aharonov para chegar à raiz de alguns dos paradoxos da mecânica quântica.

Um desses paradoxos é o aparente indeterminismo da teoria: você não pode prever com precisão o resultado de experimentos com uma partícula quântica; execute exatamente o mesmo experimento em duas partículas idênticas e você vai obter dois resultados diferentes.

Enquanto a maioria dos físicos que se confrontaram com esse problema concluíram que a realidade é, fundamentalmente, profundamente aleatória, Aharonov argumenta que há uma ordem oculta dentro da incerteza. Mas, para entender sua origem, é necessário um salto de imaginação que nos leva além da nossa visão tradicional de tempo e causalidade.

Em sua reinterpretação radical da mecânica quântica, Aharonov argumenta que duas partículas aparentemente idênticas comportam-se de maneiras diferentes sob as mesmas condições porque elas são fundamentalmente diferentes. Nós apenas não detectamos esta diferença no presente porque ela só pode ser revelada por experiências realizadas no futuro.

"É uma ideia muito, muito profunda", diz Davies.

Consequências presentes do futuro

[A flecha quântica do tempo aparentemente perde o rumo no mundo quântico. [Imagem: iStockphoto/danesteffes/PRF]
A abordagem de Aharonov sobre a mecânica quântica pode explicar todos os resultados normais que as interpretações convencionais também conseguem, mas tem a vantagem adicional de explicar também o aparente indeterminismo da natureza.

Além do mais, uma teoria na qual o futuro pode influenciar o passado pode ter repercussões enormes e muito necessárias para a nossa compreensão do universo, diz Davies.

Os cosmólogos que estudam as condições do início do universo ficam intrigados sobre o porquê do cosmos parecer tão idealmente talhado para a vida.

Mas há também outros mistérios: Por que é que a expansão do universo está se acelerando? Qual é a origem dos campos magnéticos visto nas galáxias? E por que alguns raios cósmicos parecem ter energias impossivelmente altas?

Estas questões não podem ser respondidas apenas olhando para as condições passadas do universo.

Mas talvez, pondera Davies, se o cosmos já tem definidas algumas condições finais nele próprio - um destino -, então isto, combinado com a influência das condições iniciais estabelecidas no início do universo, pode perfeitamente explicar estes enigmas cósmicos.

Testando a flecha do tempo

[A flecha quântica do tempo aparentemente perde o rumo no mundo quântico. [Imagem: iStockphoto/danesteffes/PRF]

É uma ideia muito boa - embora extremamente estranha.

Mas haveria alguma maneira de verificar a sua viabilidade? Dado que ela invoca um futuro ao qual ainda não temos acesso como causa parcial do presente, isto parece ser uma tarefa impossível.

No entanto, testes de laboratório engenhosamente inventados recentemente colocaram o futuro em teste e descobriram que ele poderia realmente estar afetando o passado.

Aharonov e seus colegas previram há muito tempo que, para certos experimentos quânticos muito específicos, realizados em três etapas sucessivas, o modo como a terceira e última etapa é realizada pode mudar dramaticamente as propriedades medidas durante o passo intermediário. Assim, ações realizadas no futuro (na terceira etapa), seriam vistas afetando os resultados das medições efetuadas no passado (na segunda etapa).

Em particular, nos últimos dois anos, equipes experimentalistas realizaram repetidamente experiências com lasers que mostram que, ajustando o passo final do experimento, é possível introduzir amplificações dramáticas no montante pelo qual o feixe de laser é desviado durante as etapas intermediárias do experimento. Em alguns casos, a deflexão observada durante a etapa intermediária pode ser amplificada por um fator de 10.000, dependendo das escolhas feitas na etapa final.

Estes resultados estranhos podem ser explicados de forma simples pelo quadro traçado por Aharonov: a amplificação intermediária é o resultado da combinação de ações realizadas tanto no passado (na primeira etapa) quanto no futuro (na etapa final).

É muito mais complicado explicar esses resultados usando interpretações tradicionais da mecânica quântica, afirma Andrew Jordan, da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, que ajudou a conceber um dos experimentos com laser.

A situação pode ser comparada à forma como o modelo heliocêntrico do Sistema Solar, de Copérnico, e o modelo geocêntrico de Ptolomeu, ambos fornecem interpretações válidas dos mesmos dados planetários, mas o modelo heliocêntrico é muito mais simples e mais elegante.

Consequências cósmicas

[Uma das ideias "selvagens" mais recentes de Davies foi a de uma viagem sem volta a Marte. [Imagem: NASA/JPL]

Embora os experimentos com laser estejam dando boas notícias para a equipe, Davies, Aharonov, Tollaksen e seu colega Menas Kefatos, da Universidade Chapman, na Califórnia, estão agora à procura de consequências cósmicas observáveis de informações do futuro influenciando o passado.

Um bom lugar para procurar é a radiação cósmica de fundo (CMB), o "brilho" remanescente do Big Bang. A CMB tem ondulações fracas de calor e frio e, trinta anos atrás, Davies desenvolveu um modelo com seu então aluno Tim Bunch que descreve essas ondas no nível quântico.

Davies e Tollaksen estão agora revisando este modelo no novo arcabouço quântico.

Físicos têm ideias já bem desenvolvidas sobre como era o estado inicial do universo e como pode acabar sendo seu estado final - muito provavelmente um vácuo, o resultado inevitável da contínua expansão.

A equipe está colocando estas ideias junto com seu novo modelo para ver se ele consegue prever assinaturas características da influência do futuro na CMB que possam ser captadas pelo telescópio espacil Plank.

"A cosmologia é um caso ideal para esta abordagem," afirma Bill Unruh, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. "Desde que Aharonov encontrou esses resultados tão estranhos em algumas situações, vale a pena olhar para a cosmologia."

Davies ainda não sabe se essas ideias vão produzir resultados. Mas se o fizerem, seria revolucionário.

"A coisa mais notável sobre Paul," avalia Michael Berry, da Universidade de Bristol, "é que ele tem ideias muito selvagens combinadas com extremo cuidado e sobriedade."

Este pode ser exatamente o caráter necessário para fazer um grande avanço. Pode até ser o destino de Davies, uma mescla de seu futuro e de seu passado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Holodeck na prática: visualização 3D com holografia eletrônica

Holodeck na prática: visualização 3D com holografia eletrônica
[O primeiro holodeck? [Imagem: Yamamoto et al.]
Comunicação ultra-realística
Um grupo de cinco pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologias de Informações e Comunicações, do Japão, construiu o mais completo sistema holográfico já visto até o momento.

Kenji Yamamoto e seus colegas reuniram uma série de tecnologias, incluindo a holografia eletrônica e sensores de mapeamento de raios de luz, para construir um sistema visual 3D completo em ambiente natural.

O experimento é um passo significativo para a demonstração das capacidades das comunicações ultra-realísticas à distância, levando a chamada telepresença a outro nível - um nível mais próximo das imagens holográficas e outros "holodecks" visto em filmes de ficção científica.

A holografia tradicional é uma tecnologia que reconstrói a luz de forma a simular a presença do objeto a ser mostrado, projetando as imagens em uma tela holográfica.

Já a holografia eletrônica usa um sistema informatizado para simular cada parte da projeção holográfica. Isto a torna muito mais intensiva em recursos computacionais, mas sem maiores entraves tecnológicos.

Holografia eletrônica

Holodeck na prática: visualização 3D com holografia eletrônica
[300 câmeras são responsáveis por gerar uma malha superdensa de informações dos raios de luz. [Imagem: Yamamoto et al.]

O novo protótipo de holografia eletrônica avança em várias áreas, incluindo a eliminação das interrupções de luz, o aumento do campo de visão e a captura dos dados para construção do holograma em luz natural.
A câmara holográfica construída pelos pesquisadores japoneses usa um conjunto de nada menos do que 300 câmeras digitais, dispostas com um intervalo de 1,22° (pouco mais de 3 centímetros uma da outra) em um círculo de três metros de diâmetro.

São essas câmeras, todas apontando para o centro da câmara, que capturam as informações do objeto a ser "holografado".

No primeiro experimento, os cientistas usaram uma boneca, uma vez que um objeto estático ajuda a refinar seus algoritmos de tratamento de imagens. No próximo passo, eles pretendem apresentar resultados com uma pessoa em movimento.

Informações dos raios de luz

Holodeck na prática: visualização 3D com holografia eletrônica
[Embora o resultado supere a qualidade dos hologramas tradicionais, os pesquisadores japoneses não estão satisfeitos com o resultado do seu holograma, e afirmam ser possível melhorar muito. [Imagem: Yamamoto et al.]

Os dados de todas as câmeras precisam ser adequadamente mesclados e interpolados por meio de processamento de sinais, produzindo o que os pesquisadores chamam de "rede superdensa de informação dos raios de luz".

Segundo eles, esta é a primeira vez que se obtém um resultado com grande "redução de erros visíveis" nesse tipo de processamento.

Uma solução interessante para a geração da imagem 3D real a partir das câmeras 2D foi encontrada na chamada "transformação projetiva": a profundidade é tratada como um plano. "Esta estimativa não é apropriada, mas a qualidade da imagem foi sem nenhuma dúvida decente," escrevem os pesquisadores.
Mas eles não se mostraram satisfeitos com a qualidade do holograma.

Segundo os pesquisadores, com a quantidade de informações disponíveis na sua "malha superdensa de informações de raios de luz" há potencial para melhorias.

"A qualidade da imagem sintetizada foi decente, mas a reconstrução 3D do holograma não foi. Nossa pesquisa futura pretende superar essas limitações," afirmam.

domingo, 28 de agosto de 2011

Astrônomos flagram buraco negro engolindo estrela

Astrônomos flagram buraco negro engolindo estrela











[O processo ainda está em andamento, e os astrônomos estimam que a "refeição" do buraco negro só terminará em meados do ano que vem.[Imagem: NASA/Goddard]
Refeição cósmica
Em Março deste ano, o telescópio Swift da NASA, flagrou um fenômeno cósmico disparando um feixe de raios X incrivelmente forte em direção à Terra, vindo da Constelação do Dragão.

Essa fonte intensa e incomum, formada por feixes de alta energia, chamou a atenção dos astrônomos.
Eles então usaram outros telescópios e observatórios, incluindo um instrumento a bordo da Estação Espacial Internacional, para analisar o evento inédito, em busca de uma explicação para sua ocorrência.
Depois de analisar com cuidado o fenômeno, agora conhecido como Swift J1644+57, os cientistas descobriram se tratar de algo verdadeiramente extraordinário: um buraco negro "dormente" acordando ao começar a consumir uma estrela.

O processo ainda está em andamento, e os astrônomos estimam que a "refeição" do buraco negro só terminará em meados do ano que vem.

Buraco negro engolindo estrela

A maioria das galáxias, incluindo a nossa Via Láctea, possui um buraco negro gigantesco em seu centro, pesando milhões de vezes a massa do Sol. Segundo os estudos, o buraco negro que está engolindo a estrela pode ser duas vezes maior do que o "nosso".

Conforme uma estrela cai em direção ao buraco negro, forças de maré gigantescas destroem-na completamente. Os destroços formam um disco ao redor do buraco negro, que continuam a cair como em um redemoinho.

As altíssimas temperaturas, o magnetismo e o movimento super rápido da parte mais interna do redemoinho geram "funis" em direções opostas, através dos quais algumas partículas escapam do evento.


Astrônomos flagram buraco negro engolindo estrela
[A radiância relativística explica porque o Swift J1644+57 foi visto em raios X e parece tão surpreendentemente luminoso. [Imagem: NASA/Swift/Penn State]
Essa fuga cria jatos de matéria saindo ao longo do eixo de rotação do buraco negro, em sentidos opostos e viajando a até 90% da velocidade da luz.

Para sorte dos astrônomos, no caso do J1644+57, um desses jatos está apontado em direção à Terra, o que permitiu que observássemos o fenômeno.

Jatos de raios X

Estudos teóricos de estrelas destruídos por efeitos de maré sugerem que o fenômeno apareceria na forma de erupções em energias ópticas e ultravioletas.

Mas o brilho e a energia do jato de um buraco negro é muito maior quando visto de frente.

O fenômeno, chamado radiância relativística, explica porque o Swift J1644+57 foi visto em raios X e parece tão surpreendentemente luminoso.

"As emissões de rádio ocorrem quando os jatos mergulham no ambiente interestelar. Por outro lado, os raios X surgem muito mais próximos do buraco negro, como se saísse da base dos jatos," explica Ashley Zauderer, do Centro Harvard-Smithsoniano para Astrofísica, nos Estados Unidos.

sábado, 27 de agosto de 2011

Robôs ganham sua própria Wikipedia


Terra de robôs

Pense em uma rede inteligente composta por robôs autônomos.

Se o que lhe vem à mente é a Skynet do filme Exterminador do Futuro, sempre pronta a exterminar a humanidade, passe à frente.

A ideia é algo mais parecido com a Wikipedia, um repositório de recursos onde os robôs possam aprender e compartilhar entre eles, os robôs, o conhecimento que cada um vai adquirindo.

Não se trata de um sonho, mas de um projeto criado por pesquisadores suíços, batizado de RoboEarth - no sentido de "terra robótica".

Wikipedia dos robôs

Se é para que os robôs se transformem em algo mais útil, eles têm muito a aprender. E ensinar as coisas para robôs está longe de ser uma tarefa fácil.

Embora já se fale em cognição robótica e robôs que aprendem com experiência, os robôs não nascem com o background de uma criança, e parecem nunca serem capazes de deduzir coisas.

"Os robôs de hoje não sabem muitas das coisas que nós consideramos óbvias: a garrafa de leite pode
quebrar ou o forno ligado é quente. Nós aprendemos estas e muitas outras coisas sobre o nosso mundo em nossos primeiros anos de vida. Mas, embora elas pareçam tão básicas, hoje nenhum robô tem esse conhecimento básico," explica Markus Waibel, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia (ETH) em Zurique.

O projeto RoboEarth, ou Wikipedia dos robôs, permitirá que robôs conectados à rede compartilhem informações, aprendam e aumentem sua memória global.

"Não a estamos imaginando como uma rede de comunicação. Ao contrário, ela será uma base de conhecimentos, muito parecida com a Wikipedia," diz Waibel.

Novas visões da inteligência artificial

Segundo o pesquisador, a percepção do que é a inteligência artifical vem mudando ao longo dos anos.

"Inicialmente pensávamos que a lógica era a forma mais elevada de inteligência. Hoje sabemos que é necessário muito mais para construir uma inteligência artificial do que o raciocínio lógico.

"Uma rede como a RoboEarth provavelmente vai exacerbar os atuais desafios éticos, morais e legais. No entanto, por agora estes problemas são ínfimos diante dos desafios tecnológicos," avalia o pesquisador.

A razão para isso é que, quanto mais variados são os robôs, mais difícil é o compartilhamento de conhecimentos entre eles.

"Nós humanos somos primorosos em lidar com informações não-estruturadas. No entanto, para um robô mesmo um conhecimento apenas razoavelmente estruturado, como a Wikipedia, é demasiadamente ambíguo e incompleto. Por exemplo, a Wikipedia lista 23 significados alternativos para a palavra robô," afirmou Waibel.

Autoconsciência

Waibel e seus colegas do RoboEarth estão usando o KnowRob, uma estrutura taxonômica para ajudar os robôs a aprenderem mais rápido. Ou seja, a Wikipedia dos robôs terá que ser um pouco mais estruturada do que a Wikipedia dos humanos.

Isso irá ajudar os robôs a aprenderem sobre categorias de dados que incluem de geografia e física básica até tarefas de manipulação de objetos e aprendizado off-line.

O pesquisador também avalia que os robôs e suas redes vistas na ficção científica estão bem longe da realidade. Segundo ele, no melhor dos mundos, a rede RoboEarth terá o mesmo risco que a Wikipedia tem de se tornar autoconsciente.

O lançamento de uma versão open source do RoboEarth está prevista para os próximos meses. Mais informações no site do projeto, em www.roboearth.org.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

OS FERENGIS



FONTE : Site USS VENTURE


Os Feregis são considerados uma raça inimiga da Federação, mas conforme as circunstâncias, trabalharam em conjunto. Talvez a melhor definição seria que se tratam de uma raça neutra que em função da conveniência própria podem mudar de lado constantemente. O nome formal do governo ferengi é Aliança Ferengi.

Tecnologicamente sofisticada raça humanóide que era um completo mistério para a Federação até o primeiro contato no planeta Delphi Ardu em 2364. Possuindo um estrito código de honra, a filosofia ferengi abraça os princípios puros do capitalismo, seguindo as suas Regras de Aquisição. Os ferengi são Machistas ao extremo e não permitem que suas fêmeas se vistam, embora muitos machos ferengi achem as fêmeas humanas muito atrativas. Logo após o primeiro contato com a Federação, empresários ferengi viram novas oportunidades e rapidamente assimilaram o comércio da Federação, como fez Quark, um ferengi que estabeleceu um bar e cassino na Estação Espacial 9.

A Raça e Fisiologia dos Ferengis

aparência geral

Os Ferengi são humanóides, bípedes, possuem sistema nervoso central e são mamíferos. O cérebro Ferengi é separado em quatro lóbulos distintos, diferente dos humanos, que possuem dois lóbulos. Esta característica de sua fisiologia parece não permitir que os telepatas betazóides leiam suas mentes.


Devido à fina atmosfera do planeta Ferenginar, as orelhas dos feregis foram, ao longo dos anos, adaptadas para ouvir o máximo possível em pequenas distâncias, pois o som tem dificuldade em se propagar, por isso as orelhas de um ferengi são desproporcionais ao seu crânio e muito sensíveis.
 
Retirado do site

Eles também são providos de uma alta sensibilidade para captar cheiros e sabores. As orelhas também representam uma área de grande sensibilidade nos ferengis, pois proporcionam agradáveis horas de prazer quando acariciadas. Os ferengis são de baixa estatura, sendo uma das raças humanóides mais baixas no quadrante alfa. Sua altura varia entre 1,07 a 1,09 cm, para um adulto macho. A alimentação ferengi se constitui de larvas, insetos e sucos; seus dentes são pequenos e afiados. Porém os ferengis são bem adaptáveis em relação a alimentação, às vezes aceitando qualquer tipo de iguaria contanto que seja apetitosa e bonita aos
olhos.

Sociedade Ferengi

A forma Ferengi de convivência se baseia no lucro a qualquer custo. São especialistas em criação de lobby, e seu lema é "faça qualquer coisa para obter um ganho". Isso para um Ferengi constitui uma honra. Uma família Ferengi é constituída como uma família normal, com pequenas diferenças. As fêmeas são renegadas a um segundo plano e as crianças são envolvidas em um constante senso de piedade paternal, sendo mimadas ao extremo. Dentro da família há várias regras a serem seguidas, mas o Ferengi macho é o dominante fora e dentro do lar.

Outra característica interessante é o apego do filho às mães. Em uma negociação com um Ferengi, nunca deve-se insultar a sua mãe. Por outro lado, a família é vista como um arcabouço de paz e tranqüilidade para o macho Ferengi, que passa horas e horas em grandes negociações fora do lar. O pequeno macho ferengi desde cedo possui várias responsabilidades, deve conhecer desde muito cedo todas as regras de aquisição ferengi, um conjunto de leis para negociação, nas escolas ensinam tudo sobre negócios, economia e lucro. Mas como qualquer outra criança, os ferengi jovens também gostam de brincar e dão muito trabalho.

Dados Gerais e Governo
O PlANETA:

Nome nativo de seu planeta é Ferenginar, um planeta classe M, localizado no centro do território Ferengi no quadrante alfa. O clima é chuvoso e úmido, mas a atmosfera é sempre fina. Como a chuva é uma constante no planeta, eles possuem cerca de 178 palavras para designar chuva, e nenhuma para designar seca. O Prédio mais alto de Ferenginar é a Torre do Comércio local considerado o centro comercial dos ferengis. Os Ferengi moram em construções baixas, seus únicos prédios altos são os de finalidade política e administrativa. Uma das curiosidades é que suas construções são desprovidas de portas. Nas entradas há sempre caixas de coletas para inserir a contribuição dos convidados. (Um costume de boas vindas a possíveis visitas).

 
GOVERNO:
O nome da organização política dos Ferengi é Aliança Ferengi. O líder desta aliança é o Grande Nagus. Sua função básica é organizar e ser intermediador de grandes negociações entre a Aliança Ferengi e outras organizações, como a Federação por exemplo, ou os cardassianos, klingons, romulanos, etc. Além de ser um grande estrategista na área dos negócios, ele controla toda a economia e comércio dos Ferengis. Por outro lado, isso não quer dizer que o Grande Nagus é uma pessoa Honesta. Na verdade, seu modo desonesto e suas práticas corruptas é que fazem sua grande fama e lhe conferem respaldo junto à comunidade econômica Ferengi. É uma grande honra para um Ferengi chegar a este patamar de ser um Grande Nagus. Um dos braços mais importantes da Aliança Ferengi é a Associação Comercial Ferengi, é a mais poderosa organização comercial da comunidade Ferengi. Todo Ferengi que se preza negocia através da Associação Comercial Ferengi.

RELIGIÃO:
A religião ferengi não é muito conhecida. Ela é mais lembrada quando um ferengi morre e há duas coisas que podem acontecer quando um ferengi morre, e eles acreditam piamente nisso: se um ferengi foi bom enquanto viveu, auferindo muito lucro e fazendo negociações com grandes estratégias e ganhos, ele vai para a Tesouraria Divina, um local todo feito de ouro Latinum. Mas se você foi um mau ferengi e nunca conseguiu lucro em sua vida, principalmente o lucro desonesto, então você vai para a Caverna da Eterna Miséria e nunca mais vai sair de lá. Quanto ao ritual mortuário o corpo do ferengi morto é cremado e colocado em discos de vácuos, os quais posteriormente, serão vendidos pelos familiares. Isto é uma honra para memória do morto.

A LÍNGUA NATAL:

A língua ferengi se utiliza de duas formas de comunicação; a Bidirecional e a linguagem de sentenças:
A Bidirecional se movimenta em duas direções somente tanto para leitura como para a escrita e se utiliza de seis ângulos diferentes para expressar uma idéia, uma linguagem geométrica. Começam de cima para baixo e tanto da esquerda ou da direita da maior sentença para a menor sentença, sempre usando a forma hexagonal. O ponto central às vezes é utilizado para mensagens simples ou figuras ou sinais de aviso.A linguagem por sentenças se utiliza da direção esquerda para direita e é uma subforma da Bidirecional, usando frases inteiras e sentenças grandes ou pequenas misturadas entre si. 

As Regras de Aquisição


As Regras de Aquisição são as regras que governam o comércio ferengi. As crianças masculinas ferengi são obrigadas a decorar todas as 285 regras e repeti-las quando requisitados. As mulheres não podem ter acesso as essas regras. Este livro é o livro mais sagrado para um ferengi. Lá há preceitos sobre a convivência entre eles, política e negócios. Todas essas regras são seguidas há milênios.
  • A Primeira Regra de Aquisição: "Uma vez que você tenha o dinheiro deles, nunca devolva".
  • 3ª regra: "Nunca gaste mais em uma aquisição do que precisa".
  • 6ª regra: "Nunca permita que a família fique no caminho da oportunidade".
  • 7ª regra: "Mantenha suas orelhas abertas".
  • 9ª regra: "Oportunidade mais instinto é igual a lucro".
  • 10ª regra: "Ambição é eterna".
  • 16ª regra: "Um trato é um trato".
  • 17ª regra: "Um contrato é um contrato -- mas somente entre ferengis".
  • 18ª regra: "Um ferengi sem lucro não é ferengi de qualquer maneira".
  • 19ª regra: "Satisfação não garantida".
  • 21ª regra: "Nunca ponha a amizade acima do lucro".
  • 22ª regra: "Um homem experiente pode ouvir lucro no vento".
  • 31ª regra: "Nunca goze de uma mãe ferengi".
  • 33ª regra: "Nunca machuca puxar o saco do chefe".
  • 34ª regra: "Guerra é bom para os negócios".
  • 47ª regra: "Nunca confie em alguém cuja roupa é melhor que a sua própria".
  • 49ª regra: "Quanto maior for o sorriso, mais afiada será a faca".
  • 57ª regra: "Bons consumidores são como ouro latinum. Entesoure-os".
  • 59ª regra: "Conselho de graça quase nunca é barato".
  • 62ª regra: "Quanto mais risco tiver o caminho, maior será o lucro".
  • 75ª regra: "Lar é onde o coração está, mas as estrelas são feitas de ouro latinum".
  • 76ª regra: "De vez em quando, declare paz -- confunde uma enormidade seus inimigos".
  • 102ª regra: "A Natureza decai, mas ouro latinum é para sempre".
  • 109ª regra: "Entre dignidade e um saco vazio, fique com o saco".
  • 111ª regra: "Trate pessoas em dívida como a sua família -- explore-os".
  • 139ª regra: "Viúvas servem. Irmãos herdam".
  • 194ª regra: "É sempre bom fazer negócios para conhecer novos consumidores antes que eles entre pela sua porta".
  • 203ª regra: "Novos consumidores são como razor-backed Greeworms -- podem ser suculentos, mas às vezes mordem de volta!".
  • 211ª regra: "Empregados são os degraus da escada do sucesso -- não hesite em pisar sobre eles".
  • 214ª regra: "Nunca comece a negociar com o estômago vazio".
  • 217ª regra: "Você não pode libertar um peixe da água".
  • 239ª regra: "Não tenha medo de nomear um produto erroneamente".
  • 285ª regra: "Nenhuma boa proeza fica impune".

Os Ferengis Famosos


QUARK: Quark, é o Ferengi dono do Bar e Cassino da Estação Espacial 9 no sistema bajoriano, como todo bom ferengi é trapaceiro e vive tentando levar vantagem sobre seus fregueses e visitantes da Estação, mas sempre é frustrado pelo chefe de segurança Odo. É tio de Nog, o único ferengi a entrar para a academia da Frota Estelar. Em 2370, o Grande Nagus Zek ofereceu a Quark a oportunidade de ser o primeiro Ferengi a abrir negociações empresariais com um planeta do Quadrante de Gama. Também estava junto do Comandante Sisko quando foi capturado pelo Dominion. Vive na estação com seu irmão Rom e o sobrinho Nog.  



 
nagus zek: Líder do Aliança Ferengi como o Grande Nagus. Zek recrutou Quark para agir como seu negociador com as raças do Quadrante de Gama, mas era uma estratagema de Zek para aprender mais sobre o Misterioso Dominium, uma força poderosa daquela região da galáxia. Zek sofreu uma mudança de personalidade temporária em 2371 depois de obter um Orbe Bajoriano da Sabedoria. Zek tinha esperança que conhecendo os Profetas da Fenda Espacial lhes o ajudariam a aprender bastante sobre o futuro fazer um lucro inconcebível, mas ao invés disso, eles o devolveram a personalidade dos antigos ferengis que não veneravam o lucro acima de tudo. Após isso ele reescreveu todas as 285 Regras de Aquisição Ferengis, e fundou uma Associação Benevolente Ferengi. Quark convenceu as entidades da fenda a restabelecer a personalidade de Zek para o bem da raça Ferengi. 





 
NOG:  Sobrinho de Quark e filho de Rom, era o melhor amigo de Jake Sisko, filho do comandante da Estação Espacial 9, onde vivia com seu pai e tio. Através de Jake, que sempre o incentivou, ele entrou para a escola da estação até que pediu para o Comandante Sisko que o recomendasse para admissão na Academia da Frota Estelar. A decisão de Nog, contraria ao seu tio Quark, foi um marco decisivo. Ele estudou sério dentro do Programa Preparatório para a Academia da Frota Estelar. Em 2372, Nog vendeu os seus pertences de infância, conforme costume feregi, para deixar a Estação Espacial 9 e cursar a Academia da Frota Estelar. Nog volta a Estação Espacial 9 em 2373 já como um cadete da Academia da Frota para estudos de campo. 



 
Naves Ferengis
Os ferengi utilizam naves para seus comércios, mais notavelmente as Marauder de classe D'Kora com uma tripulação de até 450. As marauders classe D'Kora são naves sofisticadas e algumas carregam uma arma de plasma energético, capaz de desabilitar uma nave classe Galaxy. O primeiro contato com essa nave foi em 2364, perto do planeta Gamma Tauri IV. Os comandantes das naves ferengi recebem o título de DaiMon, equivalente à capitão.
Embora o primeiro contato tivesse sido feito em 2364, nove anos antes desse contato, uma nave não identificada (depois descobriu-se que era ferengi) atacou a USS Stargazer sob comando do capitão Jean Luc Picard, perto de Maxia Zeta e foi destruída.a estudos de campo.

Estrela pode ter virado um planeta de diamante

[Não se trata exatamente de um planeta, mas de uma estrela morta, cuja maior parte da massa já foi sugada pelo pulsar. [Imagem: SWIN]

Planeta de diamante
Um "planeta" com cerca de 60.000 quilômetros (km) de diâmetro - cerca de cinco vezes o diâmetro da Terra - formado por carbono e oxigênio.

E sua densidade é tão grande que esse material deve certamente ser cristalino, ou seja, uma grande parte desse corpo celeste pouco usual pode ser similar a um gigantesco diamante.

Esta foi a conclusão de um grupo de astrônomos australianos, que usou um radiotelescópio para observar um fenômeno igualmente pouco usual.

Siga os passos para verificar como eles chegaram a essa conclusão sobre o que seria esse planeta de diamante.

Descobrindo um pulsar

Tudo começou quando os astrônomos usavam um radiotelescópio e descobriram uma estrela bastante rara, do tipo pulsar.

Pulsares são estrelas giratórias muito pequenas, com cerca de 20 km de diâmetro, que emitem um feixe de ondas de rádio.

Como a estrela gira, esse "disparo" de ondas de rádio chega na Terra na forma de um padrão regular - pulsos de ondas de rádio, de onde vem o nome pulsar.

Mas esse novo pulsar, conhecido como PSR J1719-1438, apresentou uma característica diferenciada: seus pulsos parecem ser sistematicamente modulados, ou seja, sofrem uma influência regular.

Esse pulsar tem companhia

Os astrônomos concluíram que essa modulação deve estar sendo gerada por um pequeno planeta orbitando o pulsar, formando um sistema binário.

Estudando a modulação nas ondas de rádio do pulsar, os pesquisadores chegaram a duas conclusões sobre esse planeta companheiro.

Primeiro, que os dois estão separados por uma distância de cerca de 600.000 km e que o planeta orbita o pulsar em apenas duas horas e 10 minutos.

Segundo, que esse companheiro deve ser muito pequeno, com um diâmetro menor do que 60.000 km - o planeta está tão perto do pulsar que, se ele fosse maior, seria destruído pela gravidade do pulsar.

Estrela que virou planeta

Mas, para que esse sistema binário seja estável, o planeta deve ter mais massa do que Júpiter.

Para ser tão denso, não deve se tratar exatamente de um planeta, mas de uma estrela morta, cuja maior parte da massa já foi sugada pelo pulsar - ou seja, uma anã-branca.

"Esse remanescente provavelmente é formado principalmente de carbono e oxigênio, porque uma estrela feita de elementos mais leves, como hidrogênio e hélio, seria grande demais para se encaixar nos tempos de órbita observados," diz o Dr. Michael Keith, do instituto CSIRO.

Nasce um planeta de diamante
[O pulsar agora descoberto é conhecido como pulsar de milissegundo - ele gira cerca de 10.000 vezes por minutos. [Imagem: SWIN]


Dada a densidade da "estrela que virou planeta" - uma massa maior do que a Júpiter em um diâmetro de 60.000 km - o material que a forma deve ser cristalino.

Como carbono se cristaliza na forma de diamante sob altas pressões, os astrônomos concluíram que sua ex-anã-branca pode ser agora um planeta com grande parte de sua composição consistindo em diamante.

Não há exatamente uma explicação de por que o pulsar teria sugado os outros elementos e deixado o carbono para trás, mas o estudo apresenta um retrato da situação medida, não tendo dados suficientes para estabelecer a dinâmica do nascimento do provável planeta de diamante.

A ideia de planetas de carbono não é inédita, embora seja recente, tendo sido proposta em 2005 pelo astrofísico Marc Kuchner.

Em 2010, um grupo de astrofísicos ligados à NASA identificou o primeiro planeta de carbono, e apontaram que ele teoricamente poderia ter montanhas de diamante.

Pulsar de milissegundo

O pulsar agora descoberto é conhecido como pulsar de milissegundo - ele gira cerca de 10.000 vezes por minutos.

Ele tem uma massa de 1,4 vezes a massa do Sol, espremida em uma esfera com 20 km de diâmetro.

Cerca de 70% dos pulsares de milissegundo têm estrelas-companheiras, formando sistemas binários.

Os astrônomos acreditam que foi a estrela-parceira que transformou o pulsar em um pulsar de milissegundo, transferindo massa e fazendo-o girar cada vez mais rápido. O resultado é um pulsar de milissegundo com o que sobrou de uma estrela que perdeu a maior parte de sua massa - o "planeta de diamante".

Bibliografia:
Transformation of a Star into a Planet in a Millisecond Pulsar Binary
M. Bailes, S. D. Bates, V. Bhalerao, N. D. R. Bhat, M. Burgay, S. Burke-Spolaor, N. D’Amico, S. Johnston, M. J. Keith, M. Kramer, S. R. Kulkarni, L. Levin, A. G. Lyne, S. Milia, A. Possenti, L. Spitler, B. Stappers, W. van Straten
Science
August 25 2011
Vol.: Published Online
DOI: 10.1126/science.1208890

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

NASA anuncia missões de demonstração tecnológica


[As comunicações ópticas - ou comunicação a laser - vão aumentar a largura de banda disponível para as futuras missões comunicarem-se com a Terra. [Imagem: NASA]
A NASA selecionou três propostas para o seu programa "Missões de Demonstração Tecnológica".



Os projetos são voltados para a comunicação espacial, propulsão sem combustível, usando velas solares, e um relógio atômico para melhorar a navegação espacial.


Os três projetos agora vão para a etapa de construção e preparação para o lançamento ao espaço.


"Ao investir em tecnologias disruptivas, de alto retorno, que a indústria não tem à mão hoje, a NASA amadurece as tecnologias necessárias para as suas missões futuras, ao mesmo tempo que avalia as capacidades e reduz o custo das atividades espaciais comerciais e governamentais," disse a agência em comunicado.



Comunicação espacial a laser



O projeto LCRD (Laser Communications Relay Demonstration) consistirá em uma demonstração confiável, segura e barata de uma tecnologia de comunicação óptica que possa ser inserida em outras missões, tanto nas proximidades da Terra quanto no espaço profundo.



As comunicações ópticas - também conhecidas como comunicação a laser, ou lasercom - pretendem aumentar a largura de banda disponível para as futuras missões comunicarem-se com a Terra.



Um equipamento desses fornecerá taxas de transferência de dados significativamente superiores aos sistemas de rádio usados hoje, usando um equipamento com praticamente a mesma massa, volume e potência.



Por exemplo, a sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter) leva 90 minutos para transmitir uma única foto de Marte em alta resolução. Com um sistema a laser, com capacidade de 100 Mbps ou mais, essa mesma foto chegaria à Terra em cerca de 5 minutos.



A comunicação espacial a laser também permitirá o estabelecimento de uma "presença virtual" no espaço, em outro planeta ou em um outro corpo do Sistema Solar.



Nave a vela solar



[O veleiro espacial terá uma vela solar de 38 metros quadrados. [Imagem: NASA]



A empresa L'Garde Inc. ficará responsável por construir uma sonda espacial sem combustível, movida unicamente por uma vela solar.



Até agora, os experimentos com velas solares concentraram-se quase unicamente no próprio sistema de propulsão, sem uma carga científica útil. O experimento mais avançado nessa área é o veleiro espacial Ikaros, da Agência Espacial Japonesa (JAXA).



O veleiro espacial terá uma vela solar de 38 metros quadrados.



A NASA planeja usar a tecnologia para tirar de órbita satélites artificiais que chegaram ao fim da vida útil e lixo espacial.
Outro projeto é usar as velas solares para manter a altitude de estações espaciais. Hoje, a Estação Espacial Internacional depende de combustível para ajustar sua altitude periodicamente - e esse combustível deve ser levado para lá por foguetes.
Uma vela solar também permitiria o lançamento de satélites "geopolares", que poderiam observar os pólos da Terra - ou de planetas próximos - continuamente, com grandes vantagens sobre os satélites geoestacionários atuais.
Uma sonda espacial situada nos pontos de Lagrange poderia usar suas velas solares para ajustar continuamente sua posição em relação à Terra e ao Sol, melhorando o tempo de alerta das tempestades solares em até 45 minutos.
Finalmente, as velas solares tornarão mais baratas e mais simples as missões a planetas mais distantes e até mais longe.
Embora até poucos anos atrás houvesse grande ceticismo na comunidade científica sobre se as velas solares sequer funcionariam, agora que elas já foram demonstradas na prática há pesquisadores defendendo que elas seriam úteis até mesmo além da fronteira do Sistema Solar.



Relógio atômico espacial






[O veleiro espacial terá uma vela solar de 38 metros quadrados. [Imagem: NASA]



O Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) ficará incumbido de construir um relógio atômico miniaturizado, que fornecerá a precisão e a estabilidade necessárias para uma navegação espacial mais precisa.



Futuros satélites de GPS com seus próprios relógios atômicos terão uma precisão elevada em mais de 100 vezes.



O DASC (Deep Space Atomic Clock) usará a tecnologia de íons de mercúrio.



Um relógio atômico no espaço aumentará a resolução dos dados de navegação por um fator de dois ou três, permitindo um rastreamento muito mais preciso das naves pelas estações em terra.



Além da navegação, a melhoria na quantidade e na qualidade dos dados melhorará em até 10 vezes a coleta de dados gravitacionais e as observações científicas de ocultação, usadas para descobrir e estudar planetas extra-solares (ou exoplanetas).



A disponibilidade de um relógio atômico a bordo significará que as sondas e naves espaciais não precisarão ficar repassando suas posições a cada instrução enviada da Terra - ou seja, o controle de navegação poderá ser feito com uma única via de comunicação.



Voltando ao exemplo da sonda MRO, hoje o link de comunicação com a Terra é compartilhada entre navegação e dados científicos. Com um relógio atômico, uma sonda similar teria o canal de downlink exclusivamente para a ciência.



Segundo a NASA, só a redução do tempo de uso das antenas terrestres representaria uma economia de US$11 milhões para a missão.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Encontradas estrelas mais frias do Universo

Anãs Y
[Astrônomos da NASA descobriram as estrelas mais frias já encontradas, com temperaturas abaixo das do corpo humano.[Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Usando dados do telescópio WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), astrônomos da NASA descobriram as estrelas mais frias já encontradas.

Elas têm temperaturas semelhantes às do corpo humano, ou até menores.

Esta concepção artística mostra como deve se parecer uma "anã Y". As anãs Y estréiam a classe de corpos estelares mais frios que se conhece.

Como os astrônomos ainda não detectaram anãs Y nos comprimentos de onda visível, que vemos com nossos olhos, a escolha de uma cor roxa para ilustrá-las foi feita por razões artísticas.

Os astrônomos caçam esses corpos celestes escuros há mais de uma década, sem sucesso. É quase impossível enxergá-las usando telescópios de luz visível porque, sendo tão frias, praticamente não brilham.

O telescópio Wise encontrou-as usando sua visão de infravermelho, sensível ao calor.

O telescópio descobriu seis anãs Y, variando em temperaturas atmosféricas de 175 graus Celsius até 25 graus Celsius.

Anãs marrons

As anãs Y pertencem a uma família maior de objetos chamados anãs marrons.

Anãs marrons começam suas vidas como estrelas, mas não chegam a acumular massa suficiente para fundir átomos de forma constante em seus núcleos e brilhar com a luz das estrelas. Em vez disso, elas vão se apagando e esfriando com o tempo, emitindo a maior parte de sua luz em comprimentos de onda infravermelha.

Classificação de estrelas

O esquema de classificação estelar descreve estrelas de todas as temperaturas, começando com as mais quentes, as estrelas "O", e agora terminando com as frias anãs Y.

A escala inteira inclui as classes: O, B, A, F, G, K, M, L, T, Y. O nosso Sol amarelo pertence à classe G de estrelas. Estrelas M, para comparação, são mais frias do que o nosso Sol e mais avermelhadas.

Enquanto as classes O até K são consideradas estrelas, os objetos M e L são uma mistura de estrelas e anãs marrons, e os objetos T e Y são anãs marrons puras.

O termo "anãs marrons" foi escolhido porque, quando foram descobertas, os astrônomos também não sabiam que cores esses objetos realmente teriam nos comprimentos de onda visíveis, e marrom não é uma verdadeira cor da luz (não existem "fótons marrons").

Os astrônomos agora sabem que as anãs T parecem avermelhadas, ou magenta, aos nossos olhos. Mas eles não estão certos de que cor são as anãs Y, uma vez que esses objetos não foram detectados em comprimentos de onda visíveis.

[Categorias de anãs marrons, incluindo as recém-descobertas anãs Y. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Anãs marrons

Esta concepção artística ilustra como as anãs marrons de diferentes tipos apareceriam para um viajante interestelar hipotético que passasse nas proximidades de cada uma.

À esquerda está uma anã L, no meio uma anã T e, à direita, uma anã Y.

Os objetos são progressivamente mais frios em termos de temperaturas atmosféricas conforme você se move da esquerda para a direita.

De forma surpreendente, nesta visualização a nave espacial do nosso intrépido viajante estaria à mesma distância de cada objeto.

Isto ilustra uma propriedade incomum das anãs marrons - todas elas têm as mesmas dimensões, aproximadamente o tamanho do planeta Júpiter, independentemente da sua massa.

Esta disparidade de massa pode ser de quinze vezes ou mais, quando se compara uma anã L com uma anã Y, apesar do fato de os dois objetos terem o mesmo raio.

Elas também têm temperaturas atmosféricas muito diferentes.

Uma anã L típica tem uma temperatura de 1.400 graus Celsius. Uma anã T típica tem uma temperatura de 900 graus Celsius.

A anã Y agora descoberta tem uma temperatura que alcança os 25 graus Celsius.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Fusão nuclear: sonho da energia das estrelas continua brilhando


[O homem sonha em domar a fusão nuclear desde que Hans Bethe explicou de onde as estrelas tiravam tanta energia.[Imagem: Cortesia de RSC]


Fonte definitiva de energia

Em busca de uma alternativa para a matriz energética mundial, muitos cientistas acreditam que só a energia das estrelas pode representar um passo decisivo para a humanidade.

Às voltas com a sujeira e os riscos causados pela fissão nuclear, ainda debatendo se os biocombustíveis valem a pena ou não, o mundo se vê às voltas com uma matriz essencialmente baseada no petróleo e seus parentes próximos, o carvão e o gás natural.

Para achar uma saída desse beco, as duas únicas tecnologias com potencial disruptivo são a fotossíntese artificial e a fusão nuclear.

Os experimentos com folhas artificiais estão apenas começando. Mas o homem sonha em domar a fusão nuclear desde que Hans Bethe explicou de onde as estrelas tiravam tanta energia.

Tentativas de produzir a fusão nuclear

A primeira tentativa de produzir a fusão nuclear na Terra não é de boa lembrança: em 1º de Novembro de 1952, os Estados Unidos usaram uma bomba similar à usada em Hiroshima apenas para dar a ignição na primeira bomba de hidrogênio. Funcionou, mas a coisa se mostrou tão perigosamente descontrolada que o projeto foi deixado de lado.

O recorde mundial de fusão nuclear hoje pertence ao reator tokamak do JET (Joint European Torus), no Reino Unido. Com 15 metros de diâmetro e 12 metros de altura, ele consumiu 20 MW para produzir 16 MW - mas a fusão nuclear se sustentou por menos de 10 segundos.

Hoje, todos os esforços para bater esse recorde e gerar energia são pacíficos - ao menos os que se conhece. E os projetos de fusão nuclear não são mais exclusividade dos governos e suas universidades: já há empresas privadas trabalhando na área.

ITER

[O ITER usará um reator do tipo tokamak, que usa um gigantesco campo magnético para confinar um plasma que deverá atingir uma temperatura de 45 milhões de graus Celsius [Imagem: ITER]


O maior desses esforços é o ITER, sigla em inglês de Reator Internacional Termonuclear Experimental, que começou a ser erguido em Cadarache, na França.

Com um investimento planejado de US$21 bilhões, o projeto pretende consumir 50 50 megawatts (MW) de energia para dar partida em uma produção de 500 MW. Em 2027, se tudo der certo.

O problema é que ninguém sabe se vai dar certo. Muitos físicos dizem que não vai funcionar. Outros afirmam que o ITER funcionará como um excelente laboratório de física, mas nunca será uma usina de geração de energia eficiente.

O ITER usará um reator do tipo tokamak, que usa um gigantesco campo magnético para confinar um plasma que deverá atingir uma temperatura de 45 milhões de graus Celsius para dar partida na fusão de deutério-trício.

Se funcionar, um quilograma (kg) de combustível de fusão vai gerar tanta energia quanto 10 milhões de kg de carvão.

Outro experimento já atingiu 25 milhões de graus Celsius, ainda abaixo do ponto de partida da fusão. Mas os projetistas do ITER confiam em seu 18 gigantescos ímãs supercondutores, cada um pesando 360 toneladas, para confinar uma quantidade de plasma suficiente para chegar lá.

Ignitor

[Visão interna do reator Ignitor, mostrando a cavidade em formato de anel onde o plasma ficará confinado por campos magnéticos extremamente fortes. A fusão nuclear deverá ocorrer no interior desse plasma. [Imagem: Bruno Coppi]


O Ignitor é um projeto conjunto entre a Itália e a Rússia, bem menos ambicioso que o ITER.

O Ignitor será na verdade uma versão ampliada do Alcator C-Mod, desenvolvido pela equipe do professor Bruno Coppi, do MIT.

O reator, que está sendo erguido nas proximidades de Moscou, terá aproximadamente o dobro do tamanho do Alcator, com uma câmara principal em forma de anel com 1,3 metro de diâmetro - a câmara do ITER terá 6,2 metros de diâmetro.

O Alcator não nasceu para gerar energia, mas como um laboratório para estudar as estrelas.

Ao longo dos anos, os cientistas foram aprimorando seus detalhes técnicos, a ponto de atingirem um estágio no qual eles acreditam ser viável usar a tecnologia para produzir temperaturas suficientes para iniciar a fusão nuclear.

Como estão trabalhando em uma área desconhecida, os cientistas parecem mais interessados em trocar experiências do que em competir. Evgeny Velikhov, responsável pelo lado russo do projeto, também é membro do conselho do ITER.

Mas o Dr. Coppi não se cansa de dizer, entrevista após entrevista, que, mesmo que o Ignitor nunca gere mais energia do que consumir, ainda assim a astrofísica terá muito a ganhar com o experimento.

Sterellator

[O desenho complexo e tortuoso do Wendelstein 7-X servirá para demonstrar a utilidade do tipo stellarator de reator de fusão para a geração de energia. [Imagem: Max Planck Institute]


O tokamak não é o único caminho para tentar domar a fusão nuclear.

O projeto Wendelstein 7-X, do Instituto Max Planck, da Alemanha, está construindo um reator de fusão do tipo stellarator - ele será o maior do mundo desse tipo.

Um tokamak é alimentado por uma corrente de plasma. Essa corrente fornece uma parte do campo magnético responsável por isolar o próprio plasma das paredes do reator. O grande problema é evitar as "disrupções", as instabilidades do plasma circulante pelo torus.

Um reator do tipo stellarator não tem corrente, eliminando de pronto o problema das instabilidades do plasma. Esse tipo de reator tem um desenho esquisito, mas também tem seus próprios problemas, como uma tendência a perder energia.

Cada stellarator foge à sua própria maneira do tipo "clássico", fazendo modificações e otimizações que tentam coibir os defeitos o obter um funcionamento contínuo.

O Wendelstein 7-X terá 50 bobinas supercondutoras, medindo 3,5 metros de altura cada uma, para gerar o campo magnético primário. Para completar o sistema de contenção do plasma será usada uma camada adicional com 20 bobinas planares, colocadas sobre as primeiras, que terão o papel adicional de permitir o controle da intensidade do campo magnético.

O conjunto todo é contido dentro de uma estrutura de 16 metros de diâmetro. Uma usina de refrigeração fornecerá 5.000 Watts de hélio líquido para manter a supercondução dos fios que formam as bobinas.

O Wendelstein 7-X será um reator de pesquisa, sem intenção de produzir energia. Na verdade, a intenção é demonstrar a viabilidade da construção de uma usina de fusão nuclear usando um reator do tipo stellarator. Se tudo ocorrer segundo o cronograma, o reator deverá entrar em funcionamento em 2014.

Fusão nuclear com laser




O projeto europeu Hiper (sigla em inglês de Pesquisa de Energia Laser de Alta Potência) pretende atingir as altas temperaturas necessárias para iniciar a fusão nuclear usando um equipamento de raio laser do tamanho de um estádio de futebol.

Um laser de alta potência vai comprimir átomos de hidrogênio para conseguir uma densidade 30 vezes maior do que a do chumbo.

Um segundo laser vai aumentar a temperatura do hidrogênio comprimido acima dos 100 mihões de graus Celsius - ao menos é o que os cálculos indicam.

Nessas condições, os núcleos do hidrogênio deverão se fundir para formar hélio.

Iniciado em 2008, o Hiper é financiado pela Comissão Europeia e envolve 26 instituições de dez países.

Motor de fusão

[Em vez de confinar o plasma em uma estrutura toroidal, como no tokamak, o motor de fusão vai acelerar duas pequenas bolas de plasma uma em direção à outra. [Imagem: Helion Energy]


Os cientistas da empresa privada Helion Energy são bem mais comedidos do que seus parceiros institucionais.

Seu reator de fusão nuclear é um equipamento cilíndrico de 16 metros de comprimento e pouco mais de um metro de diâmetro.

Chamado de "motor de fusão", o reator não usará supermagnetos supercondutores mantidos em temperaturas criogênicas: ele usará um processo conhecido como configuração de campo reverso.

Em vez de confinar o plasma em uma estrutura toroidal, como no tokamak, o motor de fusão vai acelerar duas pequenas bolas de plasma uma em direção à outra.

Manter o plasma isolado em um aparato linear é muito mais simples do que o formato toroidal, exigindo um campo magnético menos intenso e mais fácil de controlar. É por isso que o reator é tão menor do que seus concorrentes.

Se os cálculos estiverem corretos, a colisão deverá gerar calor suficiente para fundir os núcleos dos átomos, aquecê-los e iniciar a fusão de forma sustentada.

Como a fusão ocorre em um ponto determinado no espaço é mais fácil também recolher os nêutrons gerados. Os nêutrons são essenciais para gerar o combustível da fusão.

E, se eles escaparem, podem tornar radioativas as peças metálicas do equipamento com as quais entrarem em contato - isso acontecerá no ITER, que deverá trocar as partes internas do seu reator periodicamente.

O protótipo do motor de fusão atingiu uma temperatura de 25 milhões de graus Celsius, bem abaixo do necessário. Mas os cientistas calculam que a temperatura necessária será alcançada com um equipamento apenas três vezes maior.

A NASA e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos já investiram US$5 milhões na empresa, que agora está procurando parceiros privados para levantar mais US$20 milhões, necessários para construir a versão final do seu motor de fusão.

Fusão geral

[O aparato experimental produziu uma temperatura de 5 milhões de graus Celsius durante 1 microssegundo. [Imagem: General Fusion]


A empresa canadense General Fusion está usando uma outra abordagem para tentar obter a fusão nuclear sustentada.

A técnica chama-se fusão de plasma magnetizado e consiste em iniciar a fusão em um plasma comprimido de forma intensa e rápida no interior de uma esfera giratória de metal líquido.

O reator funciona em ciclos sequenciais, com cada compressão do plasma magnetizado produzindo um "disparo" de energia gerada pela fusão.

São quatro ciclos: criação do plasma de deutério e trício, aprisionamento do plasma em um campo magnético, compressão do plasma magnetizado, gerando a fusão e, finalmente, captura do calor gerado pela fusão para uso em uma usina termoelétrica.

Os resultados ainda são modestos: segundo a empresa, o aparato produziu uma temperatura de 5 milhões de graus Celsius durante 1 microssegundo.

Mas a General Fusion tem mais dinheiro para construir versões maiores do seu reator: os US$30 milhões foram levantados entre investidores privados, entre os quais Jeff Bezos, da Amazon.

Fusão secreta

[Esquema do reator Rostoker/Monkhorst, mostrando os íons do combustível (106) viajando ao redor e através da armadilha magnética. Os pesquisadores acreditam que, induzindo variações na velocidade do combustível, os íons irão se chocar com energia suficiente para se fundirem. [Imagem: Rostoker and Monkhorst/University of California]

Há uma outra empresa privada na área, chamada Tri Alpha Energy, que não gosta de aparecer e nem divulga seus projetos, mas que aparentemente está usando um conceito criado pelos físicos Norman Rostoker e Hendrik Monkhorst.

A ideia é misturar hidrogênio e boro-11 em um plasma de alta temperatura para gerar a fusão.

O processo de confinamento usa a mesma configuração de campo reverso, mas aparentemente mantendo toda a energia de entrada dentro do reator - os elétrons do combustível seriam confinados eletrostaticamente e os íons seriam aprisionados magneticamente.

Os pesquisadores acreditam que, com o calor e a densidade adequadas, esses íons vão se fundir para liberar energia.

Recentemente circularam boatos de que a empresa teria levantado US$90 milhões, tendo entre seus investidores Paul Allen, cofundador da Microsoft. Mas as empresas de capital de risco apontadas nos boatos não listam a empresa em sua carteira de investimentos.

Em um artigo científico publicado em 2010, seus cientistas afirmam ter alcançado uma temperatura de 5 milhões de graus Celsius durante 2 milissegundos.

Já houve vários boatos sobre a iminência de um teste "no ano que vem", que ainda não aconteceu. Os mais otimistas opinam que uma versão comercial do reator Rostoker/Monkhorst - capaz de produzir mais energia do que consome - não sairá antes de 2020.

Fusão nuclear a frio

[A fusão nuclear a frio, ou fusão de baixa energia, não pretende ser usada para geração de energia, mas poderá ser útil na área médica. [Imagem: Melvin Miles]

Há também propostas mais controversas para a fusão nuclear, embora não voltadas especificamente para a produção de energia.

A principal delas é a chamada fusão nuclear a frio, ou fusão de baixa energia, que mostra os indícios da fusão por meio dos nêutrons gerados no processo - pouquíssimos nêutrons, em comparação com os experimentos que pensam em gerar energia.

A ideia surgiu em 1989, quando Martin Fleishmann e Stanley Pons afirmaram ter verificado a fusão nuclear em uma célula eletrolítica. Mas nenhum outro grupo conseguiu reproduzir o experimento.

A esperança renasceu em 2009, quando Pamela Mosier-Boss e sua equipe modificaram ligeiramente a célula eletrolítica de Fleishmann e Pons e tiveram resultados animadores, ainda que frágeis demais para qualquer uso prático.

Mas a fusão nuclear a frio só voltou a ser levada a sério em 2010, quando a Sociedade Americana de Química promoveu um evento de dois dias exclusivamente para discutir o assunto. Deste o fiasco inicial, quem se atrevia a pesquisar a área preferia trabalhar em silêncio.

Foram mais 50 apresentações de experimentos que apresentaram resultados significativos, suficientes para colocar o assunto em pauta novamente. Mas ninguém sonha em usar a fusão a frio para geração de energia.

Fusão por cavitação

Pelo menos três grupos se envolveram em uma pretensa fusão nuclear em um equipamento de mesa, desde que Rusi Taleyarkhan e seus colegas do Laboratório Nacional Oak Ridge afirmaram ter conseguido iniciar a fusão pelo colapso de microbolhas.

Seth Putterman, da Universidade da Califórnia, fez uma demonstração semelhante em 2005, mas usando o aquecimento de um cristal em um ambiente de deutério. A produção de nêutrons, contudo, foi muito pequena, e os cientistas nunca chegaram a afirmar que a técnica seria útil para a geração de energia.

No mesmo ano, uma equipe da Universidade Purdue afirmou ter confirmado o experimento de Taleyarkhan, baseado na cavitação de microbolhas.

Contudo, depois da contestação de outros cientistas, a Universidade fez uma sindicância e concluiu que Yiban Xu e Adam Butt haviam falseado os resultados.
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